quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O Poder da Oração

"Invoca-me nos dias de tribulação, e eu te livrarei e me darás glória" (Sl 49,15)


Não é raro passarmos por momentos difíceis ao longo de nossa vida. Existem situações em que julgamos não suportar o sofrimento que nos invade e que parece não ter fim. A doença de um ente querido, a saudade de alguém que está longe, o desemprego, ou mesmo uma dor física que sentimos, enfim, são tantas situações a que estamos sujeitos e nas quais, muitas vezes, nos sentimos sem força para reagirmos. Nesses momentos a prece é uma grande companheira. É como se, através dela, pudéssemos dividir o peso que carregamos com um amigo que nos ajudará a levar o fardo. Paulo assim escreveu na Carta a S. Tiago: Alguém entre vós está triste? Reze! Está alegre? Cante. (Tg 5,13)

Os menos crédulos até podem dizer que a oração tem apenas efeito psicológico, mas sabemos que não é assim. Jesus, quando esteve entre nós, disse: Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, se abrirá. Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão? E, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem.(Mt 7,7-12).  No sofrimento é o momento ideal para nos dirigirmos ao Pai, principalmente porque estaremos mais aberto a refletirmos sobre o nosso comportamento e, como filho pródigo que a casa retorna, saberemos o que realmente tem valor em nossa vida.

No momento de sofrimento devemos ser humildes, pedindo ajuda ao Pai celeste e aceitando de coração o seu Evangelho ou sermos orgulhosos, continuar nos sentindo sozinhos e deixar  Jesus à espera de nosso pedido, de nossa prece. Ele mesmo declarou: Vinde a mim, vós todos  que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, que eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e o meu peso é leve. (Mt 11, 28-30) 

Na resposta à questão 659, O Livro dos Espíritos  nos esclarece que “a prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar Nele; é aproximar-se Dele; é pôr-se em comunicação com Ele. A três coisas podemos propor-nos por meio da prece: louvar, pedir, agradecer.”

A prece é abordada no Capítulo II - Lei de Adoração, de O Livro dos Espíritos (1), do qual retirei as questões:

660. A prece torna melhor o homem?
"Sim, porquanto aquele que ora com fervor e confiança se faz mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo. É este um socorro que jamais se lhe recusa, quando pedido com sinceridade.”

a) - Como é que certas pessoas, que oram muito, são, não obstante, de mau caráter, ciosas, invejosas, impertinentes, carentes de benevolência e de indulgência e até, algumas vezes, viciosas?


“O essencial não é orar muito, mas orar bem. Essas pessoas supõem que todo o mérito está na longura da prece e fecham os olhos para os seus próprios defeitos. Fazem da prece uma ocupação, um emprego do tempo, nunca, porém, um estudo de si mesmas. A ineficácia, em tais casos, não é do remédio, sim da maneira por que o aplicam.”

661. Poderemos utilmente pedir a Deus que perdoe as nossas faltas?
“Deus sabe discernir o bem do mal; a prece não esconde as faltas. Aquele que a Deus pede perdão de suas faltas só o obtém mudando de proceder. As boas ações são a melhor prece, por isso que os atos valem mais que as palavras.”
662. Pode-se, com utilidade, orar por outrem?
“O Espírito de quem ora atua pela sua vontade de praticar o bem. Atrai a si, mediante a prece, os bons Espíritos e estes se associam ao bem que deseje fazer.”
O pensamento e a vontade representam em nós um poder de ação que alcança muito além dos limites da nossa esfera corporal. A prece que façamos por outrem é um ato dessa vontade. Se for ardente e sincera, pode chamar, em auxílio daquele por quem oramos, os bons Espíritos, que lhe virão sugerir bons pensamentos e dar a força de que necessitem seu corpo e sua alma. Mas, ainda aqui, a prece do coração é tudo, a dos lábios nada vale.
663. Podem as preces, que por nós mesmos fizermos, mudar a natureza das nossas provas e desviar-lhes o curso?
“As vossas provas estão nas mãos de Deus e algumas há que têm de ser suportadas até ao fim; mas, Deus sempre leva em conta a resignação. A prece traz para junto de vós os bons Espíritos e, dando-vos estes a força de suportá-las corajosamente, menos rudes elas vos parecem. Hemos dito que a prece nunca é inútil, quando bem feita, porque fortalece aquele que ora, o que já constitui grande resultado. Ajuda-te a ti mesmo e o céu te ajudará, bem o sabes. Demais, não é possível que Deus mude a ordem da Natureza ao sabor de cada um, porquanto o que, do vosso ponto de vista mesquinho e do da vossa vida efêmera, vos parece um grande mal é quase sempre um grande bem na ordem geral do Universo. Além disso, de quantos males não se constitui o homem o próprio autor, pela sua imprevidência ou pelas suas faltas? Ele é punido naquilo em que pecou. Todavia, as súplicas justas são atendidas mais vezes do que supondes. Julgais, de ordinário, que Deus não vos ouviu, porque não fez a vosso favor um milagre, enquanto que vos assiste por meios tão naturais que vos parecem obra do acaso ou da força das coisas. Muitas vezes também, as mais das vezes mesmo, ele vos sugere a idéia que vos fará sair da dificuldade pelo vosso próprio esforço.”
Que Deus nos abençoe!

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 91 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008, p. 358-360

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