sexta-feira, 8 de outubro de 2010

CARIDADE

Às vezes me pego pensando: como é difícil exercitar a caridade! Não falo dessa caridade de colocar a mão no bolso e dar uma esmola. Porque quando falamos de caridade o que nos vem à mente é a ajuda material. Tampouco me refiro ao sentimento que aflora em nós diante de tragédias. Falo da caridade de aceitar o próximo como ele é, de aceitar idéias e opiniões diferentes das nossas. A caridade que deveríamos exercitar todos os dias nas ruas, no trânsito, no trabalho.

O Apóstolo Paulo na Primeira Epístola aos Coríntios nos diz que a caridade é o melhor caminho para encontrarmos os melhores dons: "Aspirai aos dons superiores. E agora, ainda vou indicar-vos o caminho mais excelente de todos."1Cor 12:31 E nos mostra o seu valor "Ainda que eu distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria!" 1Cor 13:3

Esta mensagem de Emmanuel nos dá o roteiro que devemos seguir na difícil tarefa de viver a caridade:

"Caridade é, sobretudo, amizade.

Para o faminto - é o prato de sopa fraterna.

Para o triste - é a palavra consoladora.

Para o mau - é a paciência com que nos compete auxiliá-lo.

Para o desesperado - é o auxílio do coração.

Para o ignorante - é o ensino desprentensioso.

Para o ingrato - é o esquecimento.

Para o enfermo - é a visita pessoal.

Para o estudante - é o concurso no aprendizado.

Para a criança - é a proteção construtiva.

Para o velho - é o braço irmão.

Para o inimigo - é o silêncio.

Para o amigo - é o estímulo.

Para o transviado - é o entendimento.

Para o orgulhoso - é a humildade.

Para o colérico - é a calma.

Para o preguiçoso - é o trabalho.

Para o impulsivo - é a serenidade.

Para o leviano - é a tolerância.

Para o deserdado da Terra - é a expressão de carinho.

Caridade é amor, em manifestação incessante e crescente. É o sol de mil faces, brilhando para todos, e o gênio de mil mãos, amparando, indistintamente, na obra do bem, onde quer que se encontre, entre justos e injustos, bons e maus, felizes e infelizes, porque, onde estiver o Espírito do Senhor aí se derrama a claridade constante dela, a benefício do mundo inteiro."

Paz e Bem a todos!


Do livro Viajor, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

OS ESPÍRITAS E A ELEIÇÃO

Aylton Paiva


"O Espiritismo não cria a renovação social: A MADUREZA DA HUMANIDADE É QUE FARÁ DESSA RENOVAÇÃO UMA NECESSIDADE. Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela amplitude de vistas, pela generalidade das questões que abrange, o Espiritismo é mais apto do que qualquer outra doutrina para secundar o movimento de regeneração; por isso, é ele contemporâneo desse movimento. Surgiu na hora em que podia ser de utilidade, visto que também para ele os tempos são chegados". (in A Gênese, de Allan Kardec - ed. FEB).

Esclarecem os Espíritos, em O Livro dos Espíritos que o progresso moral decorre do progresso intelectual, porém nem sempre a ele se segue (Questão n.º 780).

Nós espíritas sabemos que temos um compromisso intransferível com a reforma íntima: "Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas más inclinações". (Cap. XVII, item 4, "in fine" de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec). Mas, ESSE APERFEIÇOAMENTO PESSOAL DEVE REFLETIR-SE EM NOSSA ATUAÇÃO CONSCIENTE PARA TRANSFORMAR A SOCIEDADE EM UMA SOCIEDADE JUSTA E AMOROSA, pois advertem os Espíritos: "Numa sociedade organizada segundo as leis do Cristo, ninguém deve morrer de fome" e adita Allan Kardec:
"... Quando praticar (o homem) a Lei de Deus, terá uma ordem social fundada na justiça e na solidariedade e ele próprio será melhor". (Questão 930 de O Livro dos Espíritos).

Destaca-se, então, o compromisso do espírita com uma nova ordem social, fundada no Direito e no Amor. Obviamente, essa transformação dependerá da ação consciente dos bons e ao lado deles, os espíritas atuando com uma "consciência política", fundamentada nos princípios éticos das Leis Morais de O Livro dos Espíritos.

Portanto, não pode o espírita alienar-se da sociedade e não agir, com conhecimento e amor, nessa transformação, em importante momento histórico da civilização humana: "Aproxima-se o tempo em que se cumprirão as coisas anunciadas para a transformação da Humanidade". (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XX, item 5º).

Observando a ousadia da maldade e a confusão entre bondade e omissão, Allan Kardec indagou aos Espíritos: "Porque, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons?

R - "Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes, os bons são tímidos. QUANDO ESTES O QUISEREM, PREPONDERARÃO". (Questão 932 de  Livro dos Espíritos - Ed. FEB).

A resposta é clara e precisa, não permite dúvidas àqueles que pretendem ser bons.

O mundo e, especificamente, a estrutura social brasileira, está precisando de transformações urgentes para coibir a ação dos maus que solapam os bons costumes, que semeiam a miséria, que se utilizam dos instrumentos da corrupção, da fraude e da mentira para atingirem seus objetivos egoísticos e antiéticos.

Momento significativo para a transformação da sociedade é a realização de eleições para os poderes Legislativo e Executivo. EM BREVE SEREMOS CHAMADOS ÀS URNAS. O ESPÍRITA PRECISA ESTAR CONSCIENTE DA SUA RESPONSABILIDADE NESSE MOMENTO, seja pleiteando cargos eletivos, seja simplesmente depositando o seu voto na urna.

O VOTO É UMA PROCURAÇÃO QUE SE PASSA AO CANDIDATO PARA QUE, SE ELEITO, ELE AJA EM NOSSO NOME A BEM DA COLETIVIDADE. É a maior manifestação de amor ao povo. Não votar, anular o voto, omitir-se é apoiar as forças do mal, é permitir que os maus sobrepujem os bons.

Para que o espírita tenha critérios de avaliação do candidato, compare a sua conduta como membro da família, na atividade profissional, seu interesse e envolvimento como a comunidade e os princípios contidos em O Livro dos Espíritos - 3a. Parte - Das Leis Morais, onde estão os conceitos sobre: o Bem e o Mal, a Sociedade, o Trabalho, o Progresso e a Igualdade, Justiça e Amor.

Porém, não se pode levar as questões político-partidárias para dentro do Centro ou Instituição Espírita.

Vote consciente. Vote com amor!



(Publicado no Correio Fraterno do ABC Nº 357 de Outubro de 2000)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Obediência e Resignação

Na prática do Evangelho no Lar desta semana, nos coube a leitura de um trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo, que me levou a pensar sobre o valor da obediência e resignação em nossa vida cotidiana. O Espírito Lázaro, no ítem 8 do Capítulo IX, assim nos orienta:
 "A doutrina de Jesus ensina, em todos os seus pontos, a obediência e a resignação, duas virtudes companheiras da doçura e muito ativas, se bem os homens erradamente as confundam com a negação do sentimento e da vontade. A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração, forças ativas ambas, porquanto carregam o fardo das provações que a revolta insensata deixa cair. O pusilânime não pode ser resignado, do mesmo modo que o orgulhoso e o egoísta não podem ser obedientes. Jesus foi a encarnação dessas virtudes que a antigüidade material desprezava. Ele veio no momento em que a sociedade romana perecia nos desfalecimentos da corrupção. Veio fazer que, no seio da Humanidade deprimida, brilhassem os triunfos do sacrifico e da renúncia carnal."
Esta expressão: "porquanto carregam o fardo das provações que a revolta insensata deixa cair" vem explicar a causa de tantos falimentos pessoais que ocorrem reiteradamente em nossos dias. Ante o consumismo implacável, muitos se deixam guiar pelos caminhos tortuosos da criminalidade, buscando o dinheiro fácil, quase sempre a custa do sofrimento alheio. Fecha os olhos para as oportunidades dignas, que demandariam muito trabalho e dedicação,  para optarem por aquelas que encurtam caminho, deixando, assim, cair "o fardo das provações".

O homem obediente e resignado, ao contrário do que se possa pensar, trabalha sempre, não desiste de buscar os seus sonhos materiais, mas não o faz a qualquer custo. Tem no trabalho árduo a  fonte do sustento e no Evangelho do Cristo a inspiração para não se deixar abater nos momentos difíceis. Carrega dentro de si a esperança de dias melhores e a certeza do amor de Deus para com seus filhos.
  
Que Jesus nos abençoe!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

As lições que nos trouxe o livro “Nosso Lar”

Extraído do site O Consolador


Poucas pessoas compreenderam de imediato o objetivo que levou ao preparo e posterior publicação do livro “Nosso Lar”, que constitui o fundamento do filme de igual nome que vem alcançando, desde o início do mês, grande sucesso nas telas dos cinemas brasileiros.

O livro, é bom que lembremos, surgiu no início de 1944, quando Chico Xavier não havia completado 34 anos de idade e não era, como é fácil de entender, uma unanimidade em nosso País, fato que só seria alcançado na década de 1970, com o sucesso do célebre programa Pinga-Fogo na TV.


Os anos passaram, surgiram novas obras que complementaram as informações contidas no livro e, como os espíritas bem sabem, “Nosso Lar” acabou sendo escolhido em pesquisa realizada pelas Organizações Candeia como o mais importante livro espírita do século 20. (1)



O motivo principal dessa escolha, segundo revelado na época pela instituição que realizou a pesquisa, se deve ao fato de ter “Nosso Lar” apresentado a primeira grande descrição do plano espiritual que influenciaria, de maneira decisiva, os estudos e as pesquisas espíritas aqui e no exterior, especialmente no que diz respeito à mediunidade e aos processos obsessivos.

Suas lições não se resumem, porém, a esses aspectos, como ressaltado por Emmanuel e pelo próprio André Luiz nos textos de abertura do livro.

Em seu prefácio, escreveu Emmanuel: “Reconhecemos que este livro não é único. Outras entidades já comentaram as condições da vida, além-túmulo... Entretanto, de há muito desejamos trazer ao nosso círculo espiritual alguém que possa transmitir a outrem o valor da experiência própria, com todos os detalhes possíveis à legítima compreensão da ordem que preside o esforço dos desencarnados laboriosos e bem-intencionados, nas esferas invisíveis ao olhar humano, embora intimamente ligadas ao planeta”.

Mais diante, Emmanuel adverte: “O Espiritismo ganha expressão numérica. Milhares de criaturas interessam-se pelos seus trabalhos, modalidades, experiências. Nesse campo imenso de novidades, todavia, não deve o homem descurar de si mesmo. Não basta investigar fenômenos, aderir verbalmente, melhorar a estatística, doutrinar consciências alheias, fazer proselitismo e conquistar favores da opinião, por mais respeitável que seja, no plano físico. É indispensável cogitar do conhecimento de nossos infinitos potenciais, aplicando-os, por nossa vez, nos serviços do bem”.



De acordo com as palavras daquele que coordenou a obra mediúnica de Chico Xavier, André Luiz veio nos dizer que a maior surpresa da morte carnal é a de nos colocar face a face com própria consciência, onde edificamos o céu, estacionamos no purgatório ou nos precipitamos no abismo infernal. E que não basta à criatura apegar-se à existência humana, mas é preciso saber aproveitá-la dignamente, visto que os passos do cristão, em qualquer escola religiosa, devem dirigir-se verdadeiramente ao Cristo, e que “em nosso campo doutrinário, precisamos, em verdade, do Espiritismo e do Espiritualismo, mas muito mais de Espiritualidade”.


Da introdução assinada por André, destacamos as seguintes e sábias palavras, que deveríamos ter sempre em mente na condução dos nossos passos na atual existência:

“Uma existência é um ato.
Um corpo - uma veste.
Um século - um dia.
Um serviço - uma experiência.
Um triunfo - uma aquisição.
Uma morte - um sopro renovador.
Quantas existências, quantos corpos, quantos séculos, quantos serviços, quantos triunfos, quantas mortes necessitamos ainda?”.


(1) Veja em http://www.oconsolador.com.br/ano4/171/especial2.html a reportagem sobre os melhores livros espíritas do século 20, publicada na edição 171 desta revista.




segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Na Oração

“Senhor, ensina-nos a orar... — (LUCAS, capítulo 11, versículo 1.)

   A prece, nos círculos do Cristianismo, caracteriza-se por gradação infinita em suas manifestações, porque existem crentes de todos os matizes nos vários cursos da fé.
   Os seguidores inquietos reclamam a realização de propósitos inconstantes.
   Os egoístas exigem a solução de caprichos inferiores.
   Os ignorantes do bem chegam a rogar o mal para o próximo.
   Os tristes pedem a solidão com ociosidade.
   Os desesperados suplicam a morte.
   Inúmeros beneficiários do Evangelho imploram isso ou aquilo, com alusão à boa marcha dos negócios que lhes interessam a vida física. Em suma, buscam a fuga. Anelam somente a distância da dificuldade, do trabalho, da luta digna.
   Jesus suporta, paciente, todas as fileiras de candidatos do seu serviço, de sua iluminação, estendendo-lhes mãos benignas, tolerando-lhes as queixas descabidas e as lágrimas inaceitáveis.
   Todavia, quando aceita alguém no discipulado definitivo, algo acontece no íntimo da alma contemplada pelo Senhor.
   Cessam as rogativas ruidosas. Acalmam-se os desejos tumultuários.
   Converte-se a oração em trabalho edificante. O discípulo nada reclama. E o Mestre, respondendo-lhe às orações, modifica-lhe a vontade, todos os dias, alijando-lhe do pensamento os objetivos inferiores.
   O coração unido a Jesus é um servo alegre e silencioso.
   Disse-lhe o Mestre: Levanta-te e segue-me. E ele ergueu-se e seguiu.

Emmanuel


Mensagem extraída do Livro "Caminho, Verdade e Vida", psicografia de Francisco Cândido Xavier


domingo, 12 de setembro de 2010

O insustentável preconceito do ser!

Tomo a iniciativa de postar este texto de autoria de Rosana Jatobá, que, com extrema sutileza, nos demonstra o quão carregadas de preconceitos estão nossos atitudes no dia-a-dia. Extraído do site Geledés Instituto da Mulher Negra

Por Rosana Jatobá

Era o admirável mundo novo! Recém-chegada de Salvador, vinha a convite de uma emissora de TV, para a qual já trabalhava como repórter. Solícitos, os colegas da redação paulistana se empenhavam em promover e indicar os melhores programas de lazer e cultura, onde eu abastecia a alma de prazer e o intelecto de novos conhecimentos.


Era o admirável mundo civilizado! Mentes abertas com alto nível de educação formal. No entanto, logo percebi o ruído no discurso:

- Recomendo um passeio pelo nosso "Central Park", disse um repórter. Mas evite ir ao Ibirapuera nos domingos, porque é uma baianada só!

-Então estarei em casa, repliquei ironicamente.

-Ai, desculpa, não quis te ofender. É força de expressão. Tô falando de um tipo de gente.

-A gente que ajudou a construir as ruas e pontes, e a levantar os prédios da capital paulista?

-Sim, quer dizer, não! Me refiro às pessoas mal-educadas, que falam alto e fazem "farofa" no parque.

-Desculpe, mas outro dia vi um paulistano que, silenciosamente, abriu a janela do carro e atirou uma caixa de sapatos.

-Não me leve a mal, não tenho preconceitos contra os baianos. Aliás, adoro a sua terra, seu jeito de falar....

De fato, percebo que não existe a intenção de magoar. São palavras ou expressões que , de tão arraigadas, passam despercebidas, mas carregam o flagelo do preconceito. Preconceito velado, o que é pior, porque não mostra a cara, não se assume como tal. Difícil combater um inimigo disfarçado.

Descobri que no Rio de Janeiro, a pecha recai sobre os "Paraíba", que, aliás, podem ser qualquer nordestino. Com ou sem a "Cabeça chata", outra denominação usada no Sudeste para quem nasce no Nordeste.

Na Bahia, a herança escravocrata até hoje reproduz gestos e palavras que segregam. Já testemunhei pessoas esfregando o dedo indicador no braço, para se referir a um negro, como se a cor do sujeito explicasse uma atitude censurável.

Numa das conversas que tive com a jornalista Miriam Leitão, ela comentava:

-O Brasil gosta de se imaginar como uma democracia racial, mas isso é uma ilusão. Nós temos uma marcha de carnaval, feita há 40 anos, cantada até hoje. E ela é terrível. Os brancos nunca pensam no que estão cantando. A letra diz o seguinte:

"O teu cabelo não nega, mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulata
Mulata, quero o teu amor".

"É ofensivo", diz Miriam. Como a cor de alguém poderia contaminar, como se fosse doença? E as pessoas nunca percebem.

A expressão "pé na cozinha", para designar a ascendência africana, é a mais comum de todas, e também dita sem o menor constragimento. É o retorno à mentalidade escravocrata, reproduzindo as mazelas da senzala.

O cronista Rubem Alves publicou esta semana na Folha de São Paulo um artigo no qual ressalta:

"Palavras não são inocentes, elas são armas que os poderosos usam para ferir e dominar os fracos. Os brancos norte-americanos inventaram a palavra 'niger' para humilhar os negros. Criaram uma brincadeira que tinha um versinho assim:

'Eeny, meeny, miny, moe, catch a niger by the toe'...que quer dizer, agarre um crioulo pelo dedão do pé (aqui no Brasil, quando se quer diminuir um negro, usa-se a palavra crioulo).

Em denúncia a esse uso ofensivo da palavra , os negros cunharam o slogan 'black is beautiful'. Daí surgiu a linguagem politicamente correta. A regra fundamental dessa linguagem é nunca usar uma palavra que humilhe, discrimine ou zombe de alguém".

Será que na era Obama vão inventar "Pé na Presidência", para se referir aos negros e mulatos americanos de hoje?

A origem social é outro fator que gera comentários tidos como "inofensivos", mas cruéis. A Nação que deveria se orgulhar de sua mobilidade social, é a mesma que o picha o próprio Presidente de torneiro mecânico, semi-analfabeto. Com relação aos empregados domésticos, já cheguei a ouvir:

- A minha "criadagem" não entra pelo elevador social !

E a complacência com relação aos chamamentos, insultos, por vezes humilhantes, dirigidos aos homossexuais ? Os termos bicha, bichona, frutinha, biba, "viado", maricona, boiola e uma infinidade de apelidos, despertam risadas. Quem se importa com o potencial ofensivo?

Mulher é rainha no dia oito de março. Quando se atreve a encarar o trânsito, e desagrada o código masculino, ouve frequentemente:

- Só podia ser mulher! Ei, dona Maria, seu lugar é no tanque!

Dependendo do tom do cabelo, demonstrações de desinformação ou falta de inteligência, são imediatamente imputadas a um certo tipo feminino:

-Só podia ser loira!

Se a forma de administrar o próprio dinheiro é poupar muito e gastar pouco:

- Só podia ser judeu!

A mesma superficialidade em abordar as características de um povo se aplica aos árabes. Aqui, todos eles viram turcos. Quem acumula quilos extras é motivo de chacota do tipo: rolha de poço, polpeta, almôndega, baleia ...

Gosto muito do provérbio bíblico, legado do Cristianismo: "O mal não é o que entra, mas o que sai da boca do homem".

Invoco também a doutrina da Física Quântica, que confere às palavras o poder de ratificar ou transformar a realidade. São partículas de energia tecendo as teias do comportamento humano.

A liberdade de escolha e a tolerância das diferenças resumem o Princípio da Igualdade, sem o qual nenhuma sociedade pode ser Sustentável.

O preconceito nas entrelinhas é perigoso, porque , em doses homeopáticas, reforça os estigmas e aprofunda os abismos entre os cidadãos. Revela a ignorancia e alimenta o monstro da maldade.

Até que um dia um trabalhador perde o emprego, se torna um alcóolatra, passa a viver nas ruas e amanhece carbonizado:

-Só podia ser mendigo!

No outro dia, o motim toma conta da prisão, a polícia invade, mata 111 detentos, e nem a canção do Caetano Veloso é capaz de comover:

-Só podia ser bandido!

Somos nós os responsáveis pela construção do ideal de civilidade aqui em São Paulo, no Rio, na Bahia, em qualquer lugar do mundo. É a consciência do valor de cada pessoa que eleva a raça humana e aflora o que temos de melhor para dizer uns aos outros.

PS: Fui ao Ibirapuera num domingo e encontrei vários conterrâneos...


Rosana Jatobá é jornalista, graduada em Direito e Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, e mestranda em gestão e tecnologias ambientais da Universidade de São Paulo. Também apresenta a Previsão do Tempo no Jornal Nacional, da Rede Globo.


Esse texto é parte da série de crônicas sobre Sustentabilidade publicada na CBN

domingo, 15 de agosto de 2010

Irmãos Difíceis

"Problema a considerar, os irmãos difíceis.

Em muitas ocasiões, no limiar da iniciação espírita, renteamos com eles, como que a experimentar-nos a fé renovadora. Patenteiam-se por indiscutíveis remanescentes de nossas existências do pretérito, figurando-se meirinhos da Justiça Eterna, a pedir-nos contas de atos mínimos.

Seria justificável frustrar impulsos edificantes ou secar a fonte do trabalho espiritual que se nos indica à regeneração e ao progresso, tão somente porque não se nos fazem agradáveis, de imediato, ao modo de ser? Recomendável desertar da lição porque se revele intrincada e obscura?

Não te dês à fuga, quando esse desafio reponte da estrada.

Recorda os irmãos difíceis em tuas preces diárias, figura-lhes mentalmente a imagem, qual se estivessem diante de ti e roga ao Senhor os envolva em Sua Bênção.

Dirige-lhes a tua silenciosa mensagem de simpatia e, sempre que surja o ensejo devido, auxilia-os em tudo aquilo que lhes possa ser útil.

Em geral, somos também menos simpáticos para todos aqueles que situamos nessa posição.

Se há quem nos contrarie, instintivamente, contrariamos também a muitos companheiros, às vezes, sem perceber.

Se aqueles que ainda não se afinam conosco denotam erros aos nossos olhos, os erros que carregamos se destacam aos olhos deles.

Amor e paciência, tolerância e amparo fraterno são os recursos adequados para os embaraços desse jaez

Se algum irmão difícil se te constitui provação no caminho, esteja onde estiver, põe especial atenção no serviço que lhe possas prestar. Extingue o foco da antipatia com o anti-séptico da oração e do entendimento, da paz e da colaboração desinteressada.

Aversões que surgem são crueldades mentais do passado que reaparecem. Toda crueldade mental é doença do espírito e toda doença pede cura."

Emmanuel
(Do livro "No portal da Luz", de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito de Emmanuel)



sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Jubileu de Prata da CERP

 "O Centro Espírita, dentro da maior simplicidade possível, tem o papel primordial de levar a público o Evangelho de Jesus"   
Chico Xavier


No próximo dia 22 a Casa Espírita Recanto de Paz, em Votuporanga (SP), estará comemorando o seu Jubileu de Prata. São 25 anos orientando, consolando e assistindo em nome de Jesus.

Pela Casa passaram e ainda passam inúmeros irmãos buscando assistência para suas necessidades  espirituais ou materiais. Estas últimas são atendidas dentro das possibilidades financeiras do centro.

Entre as atividades rotineiras da Casa destaco a distribuição de sopa e as palestras públicas.


Distribuição de sopa

A distribuição de sopa nas comunidades tornou a Casa Espírita conhecido como Casa da Sopa. Este é um trabalho realizado pelos voluntários que, ao longo da semana, recolhem as doações nos supermercados e aos sábados se reunem para elaborarem e distribuirem a sopa. A distribuição ocorre nas comunidades: na favela São Cosme e Damião, na sede da Pastoral da Criança (Bairro Jardim Palmeiras I), no conjunto próximo ao CCI (Bairro São  João) e no conjunto habitacional Sonho Meu.

Nessa ocasião, os trabalhadores voluntários têm oportunidade de estarem juntos com as pessoas, conversando, trocando idéias, ouvindo suas necessidades e levando o Evangelho de Jesus.


Distribuição de sopa na sede da Pastoral da Criança, Bairro Jardim das Palmeiras I
 
Distribuição de sopa no conjunto próximo ao CCI


Entrega de presentes e cestas - Natal/2009

Palestras públicas

Todas as quartas-feiras e domingos acontecem as palestras públicas, com palestrantes convidados ou de próprios membros da Casa. As palestras são encerradas com a distribuição de passes.


Esta é a minha humilde homenagem à equipe de trabalhadores da CERP, que ao longo desses 25 anos não esmoreceram na missão de divulgar a Doutrina Espírita, que é o Evangelho redivivo de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Que Deus os abençoe!


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O Poder da Oração

"Invoca-me nos dias de tribulação, e eu te livrarei e me darás glória" (Sl 49,15)


Não é raro passarmos por momentos difíceis ao longo de nossa vida. Existem situações em que julgamos não suportar o sofrimento que nos invade e que parece não ter fim. A doença de um ente querido, a saudade de alguém que está longe, o desemprego, ou mesmo uma dor física que sentimos, enfim, são tantas situações a que estamos sujeitos e nas quais, muitas vezes, nos sentimos sem força para reagirmos. Nesses momentos a prece é uma grande companheira. É como se, através dela, pudéssemos dividir o peso que carregamos com um amigo que nos ajudará a levar o fardo. Paulo assim escreveu na Carta a S. Tiago: Alguém entre vós está triste? Reze! Está alegre? Cante. (Tg 5,13)

Os menos crédulos até podem dizer que a oração tem apenas efeito psicológico, mas sabemos que não é assim. Jesus, quando esteve entre nós, disse: Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, se abrirá. Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão? E, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem.(Mt 7,7-12).  No sofrimento é o momento ideal para nos dirigirmos ao Pai, principalmente porque estaremos mais aberto a refletirmos sobre o nosso comportamento e, como filho pródigo que a casa retorna, saberemos o que realmente tem valor em nossa vida.

No momento de sofrimento devemos ser humildes, pedindo ajuda ao Pai celeste e aceitando de coração o seu Evangelho ou sermos orgulhosos, continuar nos sentindo sozinhos e deixar  Jesus à espera de nosso pedido, de nossa prece. Ele mesmo declarou: Vinde a mim, vós todos  que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, que eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e o meu peso é leve. (Mt 11, 28-30) 

Na resposta à questão 659, O Livro dos Espíritos  nos esclarece que “a prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar Nele; é aproximar-se Dele; é pôr-se em comunicação com Ele. A três coisas podemos propor-nos por meio da prece: louvar, pedir, agradecer.”

A prece é abordada no Capítulo II - Lei de Adoração, de O Livro dos Espíritos (1), do qual retirei as questões:

660. A prece torna melhor o homem?
"Sim, porquanto aquele que ora com fervor e confiança se faz mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo. É este um socorro que jamais se lhe recusa, quando pedido com sinceridade.”

a) - Como é que certas pessoas, que oram muito, são, não obstante, de mau caráter, ciosas, invejosas, impertinentes, carentes de benevolência e de indulgência e até, algumas vezes, viciosas?


“O essencial não é orar muito, mas orar bem. Essas pessoas supõem que todo o mérito está na longura da prece e fecham os olhos para os seus próprios defeitos. Fazem da prece uma ocupação, um emprego do tempo, nunca, porém, um estudo de si mesmas. A ineficácia, em tais casos, não é do remédio, sim da maneira por que o aplicam.”

661. Poderemos utilmente pedir a Deus que perdoe as nossas faltas?
“Deus sabe discernir o bem do mal; a prece não esconde as faltas. Aquele que a Deus pede perdão de suas faltas só o obtém mudando de proceder. As boas ações são a melhor prece, por isso que os atos valem mais que as palavras.”
662. Pode-se, com utilidade, orar por outrem?
“O Espírito de quem ora atua pela sua vontade de praticar o bem. Atrai a si, mediante a prece, os bons Espíritos e estes se associam ao bem que deseje fazer.”
O pensamento e a vontade representam em nós um poder de ação que alcança muito além dos limites da nossa esfera corporal. A prece que façamos por outrem é um ato dessa vontade. Se for ardente e sincera, pode chamar, em auxílio daquele por quem oramos, os bons Espíritos, que lhe virão sugerir bons pensamentos e dar a força de que necessitem seu corpo e sua alma. Mas, ainda aqui, a prece do coração é tudo, a dos lábios nada vale.
663. Podem as preces, que por nós mesmos fizermos, mudar a natureza das nossas provas e desviar-lhes o curso?
“As vossas provas estão nas mãos de Deus e algumas há que têm de ser suportadas até ao fim; mas, Deus sempre leva em conta a resignação. A prece traz para junto de vós os bons Espíritos e, dando-vos estes a força de suportá-las corajosamente, menos rudes elas vos parecem. Hemos dito que a prece nunca é inútil, quando bem feita, porque fortalece aquele que ora, o que já constitui grande resultado. Ajuda-te a ti mesmo e o céu te ajudará, bem o sabes. Demais, não é possível que Deus mude a ordem da Natureza ao sabor de cada um, porquanto o que, do vosso ponto de vista mesquinho e do da vossa vida efêmera, vos parece um grande mal é quase sempre um grande bem na ordem geral do Universo. Além disso, de quantos males não se constitui o homem o próprio autor, pela sua imprevidência ou pelas suas faltas? Ele é punido naquilo em que pecou. Todavia, as súplicas justas são atendidas mais vezes do que supondes. Julgais, de ordinário, que Deus não vos ouviu, porque não fez a vosso favor um milagre, enquanto que vos assiste por meios tão naturais que vos parecem obra do acaso ou da força das coisas. Muitas vezes também, as mais das vezes mesmo, ele vos sugere a idéia que vos fará sair da dificuldade pelo vosso próprio esforço.”
Que Deus nos abençoe!

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 91 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008, p. 358-360

sábado, 7 de agosto de 2010

Pai

Ao se aproximar o Dia dos Pais, quero fazer uma homenagem ao meu Pai terreno.


Pai, agradeço-lhe pelas sementes de trabalho e honestidade que em meu caráter plantou. Sempre nos mostrou o valor da família, não abandonando os seus pais velhinhos, dando-lhes abrigo e assistência, mesmo que isso lhe custasse algumas horas a mais de trabalho.

Hoje, mais do nunca, sei o quanto era difícil se manter equilibrado diante de tantos problemas visíveis e invisíveis. E peço-lhe perdão pela minha falta de compreensão e aceitação. Agora consigo ver tudo com clareza, o que não era possível na minha juventude.

Muitos anos se passaram desde a nossa separação. A saudade é grande e o que me conforta é a certeza de que no futuro estaremos juntos no plano espiritual. Sei que de vez em quando me visita e que, de alguma forma, me auxilia. Eu já tive provas disso.

Não é necessário lhe dizer que não se preocupe com sua família terrena, que já superamos momentos difíceis, pois com certeza você tem conhecimento disso. Mas assim mesmo eu lhe digo: Fique em paz! E, se tiver oportunidade, peça aos mensageiros da Luz, por nós seus filhos, que eles sempre estejam nos inspirando a manter a fé em Jesus e a seguir seus ensinamentos.

Que Deus nos abençoe!

Imagem: Internet

domingo, 1 de agosto de 2010

"Calma"


"Se você está no ponto de estourar mentalmente, silencie alguns instantes para pensar.

Se o motivo é moléstia no próprio corpo, a intranquilidade traz o pior.

Se a razão é enfermidade em pessoa querida, o seu desajuste é fator agravante.

Se você sofreu prejuízos materiais, a reclamação é bomba atrasada, lançando caso novo.

Se perdeu alguma afeição, a queixa tornará você uma pessoa menos simpática, junto de outros amigos.

Se deixou alguma oportunidade valiosa para trás, a inquietação é desperdício de tempo.

Se contrariedades aparecem, o ato de esbravejar afastará de você o concurso espontâneo.

Se você praticou um erro, o desespero é porta aberta a faltas maiores.

Se você atingiu o que desejava, a impaciência fará mais larga distância entre você e o objetivo a alcançar.

Seja qual for a dificuldade, conserve a calma, trabalhando, porque, em todo problema, a serenidade é o teto da alma, pedindo o serviço por solução."

                                                                                                     André Luiz


Mensagem extraída do Livro "Ideal Espírita", psicografia de Francisco Cândido Xavier


sexta-feira, 30 de julho de 2010

"Confia Sempre"

"Não percas a tua fé entre as sombras do mundo.
Ainda que os teus pés estejam sangrando, segue para a frente, erguendo-a por luz celeste, acima de ti mesmo.
Crê e trabalha.
Esforça-te no bem e espera com paciência.
Tudo passa e tudo se renova na Terra, mas o que vem do céu permanecerá.
De todos os infelizes, os mais desditosos são os que perderam a confîança em Deus e em si mesmos, porque o maior infortúnio é sofrer a provação da fé e prosseguir vivendo.
Eleva, pois, o teu olhar e caminha.
Luta e serve. Aprende e adianta-te.
Brilha a alvorada além da noite.
Hoje, é possível que a tempestade te amarfanhe o coração e te atormente o ideal. Aguilhoando-te com a aflição ou ameaçando-te com a morte.
Não te esqueças, porém de que amanhã será outro dia"

                                                                                                         Meimei

Médium: Francisco Cândido Xavier 
Do livro: "Cartas do Coração" - Edição: Lake

terça-feira, 27 de julho de 2010

"Vigiai e orai para que não entreis em tentação" Mt 26,41

Muitos de nossos arrependimentos ocorreram e ainda ocorrem em razão do que dissemos e fizemos sem pensar. Principalmente quando muito jovens acabamos, muitas vezes, agindo por impulso. E aí...constatamos que falamos ou fizemos uma grande besteira. Nesse caso a solução é vigiarmos os nossos impulsos. Antes de falar eu devo parar, respirar e me dizer mentalmente: "Calma, pense um pouco no que você vai  dizer. Pense nas consequências". Esta também deve ser a nossa atitude antes de um impulso ruim, como a violência, por exemplo, ou mesmo diante de algo que, num primeiro momento, nos pareça prazeroso, mas que pode nos trazer consequências ruins ou situações com as quais não estamos preparados para lidar. A lista de exemplos que todos conhecemos é bem extensa.

E quando uma ação desastrosa ocorre mesmo quando tivemos tempo para pensar? Porque aconteceu?  E o que nos perguntamos na maioria das vezes: "Onde eu estava com a cabeça?"  A pergunta deveria ser: "O quê estava na minha cabeça?". É lógico que a resposta é: pensamentos. Pois toda ação por mais impulsiva que seja é precedida do pensamento. E também os pensamentos, assim como as pessoas, atraem os iguais. Por exemplo: se tenho um pensamento de inveja, vou atrair espíritos que  se regozijam com o mal e que também me inspirarão a manter a minha inveja. O sentimento negativo irá crescendo como uma bola de neve, num sistema de retroalimentação entre mim e os espíritos que me cercam. Podendo culminar em uma mágoa destrutiva, do tipo "porque ele tem e eu não?" ou se encerrar  por ali mesmo, dependendo da minha capacidade de reagir contra essa má tendência e também de aceitar as boas influências dos Espíritos protetores.

Sobre a influência que os espíritos exercem sobre o mundo corporal o Livro dos Espíritos(*) tão bem nos esclarece no Capítulo IX. E dele reproduzo algumas perguntas:
459. Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? 
“Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.”
466. Por que permite Deus que Espíritos nos excitem ao mal?
“Os Espíritos imperfeitos são instrumentos próprios a por em prova a fé e a constância dos homens na prática do bem. Como Espírito que és, tens que progredir na ciência do infinito. Daí o passares pelas provas do mal, para chegares ao bem. A nossa missão consiste em te colocarmos no bom caminho. Desde que sobre ti atuam influências más, é que as atrais, desejando o mal; porquanto os Espíritos inferiores correm a te auxiliar no mal, logo que desejes praticá-lo. Só quando queiras o mal, podem eles ajudar-te para a prática do mal. Se fores propenso ao assassínio, terás em torno de ti uma nuvem de Espíritos a te alimentarem no íntimo esse pendor. Mas outros também te cercarão, esforçando-se por te influenciarem para o bem, o que restabelece o equilíbrio da balança e te deixa senhor dos teus atos.”
É assim que Deus confia à nossa consciência a escolha do caminho que devamos seguir e a liberdade de ceder a uma ou outra das influências contrárias que se exercem sobre nós.
467. Pode o homem eximir-se da influência dos Espíritos que procuram arrastá-lo ao mal?
“Pode, visto que tais Espíritos só se apegam aos que, pelos seus desejos, os chamam, ou aos que, pelos seus pensamentos, os atraem.”  
 469.Por que meio podemos neutralizar a influência dos maus Espíritos?
"Praticando o bem e pondo em Deus toda a vossa confiança, repelireis a influência dos Espíritos inferiores e aniquilareis o império que desejam ter sobre vós. Guardai-vos de atender às sugestões dos Espíritos que vos suscitam maus pensamentos, que sopram a discórdia entre vós outros e que vos insuflam as paixões más. Desconfiai especialmente dos que vos exaltam o orgulho, pois que esses vos assaltam pelo lado fraco. Essa a razão por que Jesus, na oração dominical, vos ensinou a dizer: “Senhor! Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.”

A eficácia da máxima "Orai e Vigiai" fica assim bem compreendida. E eu completo: orai e vigiai os vossos pensamentos para afastar as más tendências e outras atitudes que vos levarão ao arrependimento depois.


Paz e Bem a todos!

                                                                    
(*) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec

 

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Dez maneiras de amar a nós mesmos


1 - Disciplinar os próprios impulsos.

2 - Trabalhar, cada dia, produzindo o melhor que pudermos.

3 - Atender aos bons conselhos que traçamos para os outros.

4 - Aceitar sem revolta a crítica e a reprovação.

5 - Esquecer as faltas alheias sem desculpar as nossas.

6 - Evitar as conversações inúteis.

7 - Receber o sofrimento como processo de nossa educação.

8 - Calar diante da ofensa, retribuindo o mal com o bem.

9 - Ajudar a todos, sem exigir qualquer pagamento de gratidão.

10 - Repetir as lições edificantes, tantas vezes quantas se fizerem necessárias, perseverando no aperfeiçoamento de nós mesmos sem desanimar e colocando-nos a serviço do Divino Mestre, hoje e sempre.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Paz e Renovação.
Ditado pelo Espírito André Luiz

terça-feira, 13 de julho de 2010

A morte não existe

Falar da morte é sempre muito difícil. Para a maioria é um tabu, um assunto que deve ser evitado o quanto possível, principalmente quando se refere à própria morte ou de pessoas queridas. Para nós espíritas, a morte é apenas uma passagem do mundo físico para o mundo espiritual.  Chamamos de desencarnação, porque somente o corpo físico morre. O nosso espírito sobrevive em um mundo que é a continuação deste. Evidentemente, que toda separação provoca sofrimento. Tanto para quem parte, como para quem fica. Mas se entendemos que a separação é momentânea, fica mais fácil superarmos essa dor.

Com relação ao momento do desenlace, também a nossa preparação evita sofrimentos. Sobre isso falou o médium Luiz Augusto de Queiroz durante o Programa Mais Você, apresentado nesta data: “Quando uma pessoa desencarna sem preparo, o susto é inevitável. Mas quando temos a consciência de que tudo o que fazemos repercute de alguma forma, com certeza chegamos lá um pouquinho melhor, sem grandes sustos. Nada é por acaso na vida, mas é possível mudar as nossas atitudes enquanto encarnados. A vida do lado de lá e a do lado de cá são faces da mesma realidade. E ela sempre continua." Segundo ele, a morte não deve ser encarada com tristeza. “É como um fruto, que cresceu e se desenvolveu. A vida continua. Dentro da dor sempre surge algo bonito dentro de nós”, explicou Luiz Augusto.

A única certeza que carregamos dentro de nós é que vamos morrer um dia. Mas nos parece sempre que esse "um dia" nunca chegará. E vivemos como se fôssemos eternos. E, ainda, como se essa fosse a única vida, que deve ser saboreada até a última gota. A nossa felicidade atual passa a ser perseguida até mesmo em detrimento à de outras pessoas. Que engano!

Quando olhamos a vida sob a luz do Espitismo entendemos que tudo que plantarmos, colheremos. E a nossa felicidade futura, a que realmente importa, será proporcional ao bem que fizermos aqui na Terra.

Que Deus nos abençoe!


sexta-feira, 9 de julho de 2010

Esperança

Hoje estou me sentindo um pouco melancólica pelo conjunto das notícias veiculadas na TV.  E que me fazem refletir sobre as consequências da falta de Amor na vida das pessoas. O Amor de Deus. O Amor do qual  Jesus veio nos dar exemplo quando esteve entre nós.

Para todos que estejam desesperançados eu trago este belíssimo poema do Espírito Maria Dolores, psicografia de Francisco Cândido Xavier, do livro Assembléia de Luz.

TRIO DA ESPERANÇA

Ah! coração fatigado,
Na aflição que te vigia,
Nunca te percas da fé;
Trabalha, espera, confia.

Por mais lutes, mais avanças
Em triste, espinhosa via...
Não esmoreças, contudo;
Trabalha, espera, confia.

Cada hora te parece
Nova dor que se anuncia...
Não te afundes em revolta;
Trabalha, espera, confia.

Já não sabes o tamanho
Da prova que te assedia;
Mesmo assim, prossegue à frente;
Trabalha, espera, confia.

Encontras, a cada passo,
Desprezo, descortesia...
Desculpa, servindo mais;
Trabalha, espera, confia.

Entre os seres mais amados,
Padeces desarmonia;
Não faltes à paciência;
Trabalha, espera, confia.

Sonhaste calma ventura
E sofres em demasia...
No entanto, aguarda o futuro;
Trabalha, espera, confia.

Não temas, nem desesperes,
Toda sombra é fugidia.
O sol brilha, a nuvem passa...
Trabalha, espera, confia.

Para a cura de ansiedade,
Angústia, melancolia,
Usa a receita de sempre:
Trabalha, espera, confia.

Cada manhã, Deus te fala,
Na bênção de novo dia:
- Se queres felicidade,
Trabalha, espera, confia.

                    Maria Dolores

domingo, 4 de julho de 2010

Por que sou espírita?

Desde muito jovem eu sempre questionava sobre a existência do céu e do inferno. Não conseguia entender o porquê de uma vida terrena tão curta e depois a eternidade. Quando a duração de uma vida humana seguia o curso normal, ou seja, nascer, crescer e envelhecer, ainda me parecia mais lógico a existência de uma eternidade depois da morte. Porque a pessoa, com a velhice, teria a possibilidade de repensar seus atos e de se melhorar como pessoa, se fosse o caso, abrindo a possibilidade de um céu eterno.

Mas o que me incomodava eram as mortes prematuras em situação de violência. Por exemplo, a de jovens que se envolveram com o crime, pelas circunstâncias do lugar que viviam, sem a oportunidade de ter conhecido o Evangelho e que vieram a falecer como consequência da vida que levavam. A possibilidade de que elas pudessem merecer o castigo eterno me angustiava. E eu me perguntava: será que Deus que é amor pode deixar que um filho seu sofra eternamente?  Aí poderiam me dizer: a culpa não foi totalmente dele e, portanto, ele terá um atenuante e não irá para o inferno, apenas passará um tempo no purgatório antes de ir para o céu.

E quando ele teve a oportunidade da mudança e mesmo assim se manteve afastado de Deus? Uma amiga me disse que o inferno seria o destino final. Mas se compararmos Deus com uma mãe, veremos que isso é ilógico. Uma mãe ama incondicionalmente seu filho e Deus é Amor. Mesmo que um filho tenha cometido os crimes mais horrendos, sua mãe continuaria amando-o e tudo faria para livrá-lo de um castigo cruel. E Deus que é o puro Amor não daria outra chance ao filho pecador?

Quando conheci a Doutrina Espírita meu coração se acalmou. Porque ela me mostra um Deus que nunca abandona seus filhos e que sempre nos dá uma nova chance para a nossa melhoria, através da reencarnação. Também as desigualdades e as injustiças que observamos na vida atual, deixarão de existir se considerarmos o conjunto das existências.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Espiritismo

Já encontrei pessoas que nunca ouviram falar do Espiritismo e outras que, embora tenham ouvido, não sabem exatamente o que é.  Religião, filosofia ou ciência? 

 "O Espiritismo é, ao mesmo tempo, ciência experimental e doutrina filosófica de consequência religiosa. Como ciência prática, tem a sua essência nas relações que se podem estabelecer com os espíritos; como filosofia e religião compreende todas as consequências morais decorrentes dessas relações." (site: panoramaespirita.com.br)

Ciência e Religião sempre andaram separadas, cada uma delas vendo as coisas de seu ponto de vista, repelindo-se mutuamente e impedindo a compreensão de muitos "fenômenos". Mas o Espiritismo faz a ponte entre as duas:
"O Espiritismo é a nova ciência que vem revelar aos homens por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo material. Ele nos mostra esse mundo, não mais como sobrenatural, mas, pelo contrário, como uma das forças vivas e incessantemente atuantes na natureza, como a fonte de uma infinidade de fenômenos até então incompreendidos, e por essa razão rejeitados para o domínio do fantástico e do maravilhoso, É a essas relações que o Cristo se refere em muitas circunstâncias, e é por isso que muitas coisas que ele disse ficaram ininteligíveis ou foram falsamente interpretadas. O Espiritismo é a chave que nos ajuda a tudo explicar com facilidade."(Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap I)

Como Religião, ele é o Consolador prometido por Jesus, que veio recordar seus ensinamentos e explicá-los de forma clara para todos. Nos dando a esperança da continuação da vida além da morte. Os sofrimentos e as tribulações da vida devem ser enfrentados com paciência, porque  são de curta duração e serão seguidos de uma situação mais feliz.  Afasta-se o pavor da morte. A vida é única, várias são as existências.

A Doutrina Espírita é um conjunto de princípios e leis que foram reveladas pelos Espíritos Superiores e codificadas por Allan Kardec em cinco obras: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. A Doutrina Espírita se resume nos seguintes princípios fundamentais: Deus, o Espírito e sua imortalidade, a comunicabilidade dos Espíritos, a reencarnação, a pluralidade dos mundos habitados e as leis morais.


Existe, também, uma grandiosa obra ditada pelas vozes do céu e psicografada por médiuns devotados ao Bem. O mais importante deles é Francisco Cândido Xavier.  Não basta apenas ler e conhecer, o essencial é a prática. E não adianta nos fecharmos em orações e adoração enquanto há irmãos precisando de amparo. A máxima em que se se baseia o Espiritismo é: "Fora da Caridade Não Há Salvação".

domingo, 27 de junho de 2010

Desvio de função


Quando entrei nos Museus Vaticanos em Roma, e pude observar a grandiosidade das coleções de objetos de arte, me senti como Estevão quando entrou no Sinédrio em Jerusalém, convocado por Saulo. A passagem do livro "Paulo e Estevão"* relata:
"O moço de Corinto fixou o quadro que o rodeava, considerando o contraste de uma e outra assembléia e recordando a última reunião da sua igreja pobre, onde fora compelido a conhecer tão caprichoso antagonista. Não seriam aquelas as “ovelhas perdidas” da casa de Israel, a que aludia Jesus nos seus vigorosos ensinamentos? Ainda que o judaísmo não houvesse aceitado a missão do Evangelho, como conciliava ele as observações sagradas dos profetas e sua elevada exemplificação de virtude, com a avareza e o desregramento? O próprio Moisés fora escravo e, por dedicação ao seu povo, sofrera inúmeras dificuldades em todos os dias da existência consagrada ao Todo-Poderoso. Job padecera misérias sem-nome e dera testemunho de fé nos sofrimentos mais acerbos. Jeremias chorara incompreendido. Amós experimentara o fel da ingratidão. Como poderiam os israelitas harmonizar o egoísmo com a sabedoria amorosa dos Salmos de David? Estranhável que, tão zelosos da Lei, se entregassem de modo absoluto aos interesses mesquinhos, quando Jerusalém estava cheia de famílias, irmãs pela raça, em completo abandono. Como cooperante de uma comunidade modesta, conhecia de perto as necessidades e sofrimentos do povo. Com essas unções, sentia que o Mestre de Nazaré se elevava muito mais, agora, aos seus olhos, distribuindo entre os aflitos as esperanças mais puras e as mais consoladoras verdades espirituais."

A inquietação que tomou conta de mim não foi por causa das riquezas que o Vaticano possui e que é muito criticada pelos não-católicos, mas o que era uma indagação obstinada em meu pensamento, enquanto caminhava pelos museus, era de como a Igreja havia angariado aquela quantidade de obras de arte. Sei que foram colecionadas ao longo de muitos séculos, mas mesmo assim tais coleções tomaram tempo dos Papas e recursos da Igreja. Houve aí o que, na administração moderna, chamamos de desvio de função ou de falta de foco.
Ou seja, os Papas que deveriam continuar a Obra de Cristo, passaram a ser colecionadores de artes. Sei que Deus e Jesus Cristo merecem sempre o melhor, mas não era necessário tanto luxo para enfeitar os templos do Evangelho.

Estevão, quando observava o Sinédrio, se admirava de tanta pompa e riqueza por parte dos seguidores de Moisés. Mal sabia ele que, também, os herdeiros de Jesus Cristo, alguns séculos depois, se esqueceriam de como vivia o Mestre e usariam o seu nome para reunir riquezas.

As coleções de arte do Vaticano são maravilhosas e um verdadeiro registro do passado. Mas eu me pergunto: a Igreja é a entidade mais apropriada para administrá-las? Não seria mais lógico que tanto valor fosse usado em prol dos mais necessitados?

Todos nós cristãos devemos agradecimentos à Igreja Católica, porque foi ela que trouxe o Cristianismo até os nossos dias, mas bem que ela poderia ser um pouco mais parecida com o Mestre.

*Livro "Paulo e Estevão", pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier